sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Coisas de gente grande

'Era uma vez o Ernesto, um menino que gostava muito de (chatear) as meninas e principalmente a Salomé.


Era uma vez a Salomé, a menina que foi contar à mãe tudo o que o Ernesto lhe tinha feito. Tudo: puxado o cabelo, agarrado o capuz, arrancado os óculos, de próposito. Então a mãe disse-lhe que o Ernesto com certeza queria brincar com ela, mas que não sabia como pedir-lhe. A mãe disse-lhe ainda que talvez o Ernesto estivesse apaixonado pela Salomé...



No recreio, a Paula perguntou:

- Apaixonado pela Salomé! O que é isso? Apaixonado?

Mas a Salomé também não sabia o que era isso, a-apai-xo-na-do.

O que o Abel sabia era que se podia cair, cair de paixão por alguém.

A Salomé já tinha caído muitas vezes de bicicleta, mas de paixão, nunca!

- Os apaixonados só existem nos contos!- afirmou o Guilherme.

- Pois é!

- Com príncipes e princesas.

- Com roupas lindas?

- E com espadas?

- Com reis e rainhas?

- E dragões!

- Então os apaixonados não existem? - perguntou a Salomé.

A Justina acha que estamos apaixonados quando nos sentimos tristes ou muito tímidos e sobretudo quando coramos muito.

- Quando ficamos hipnotizados! - exclamou.

A Salomé concluiu que enlouquecemos um pouco quando estamos apaixonados!

A pequena Ana já tinha ouvido falar de paixão, uma espécie de raio que nos atinge.

- Um raio de fogo!

- E queima?

- É como um relâmpago!

- É uma trovoada!

- Mas afinal chove?

Então a Salomé pensou que era melhor ter um guarda-chuva para estar apaixonado!

Mas o Aristides disse que estar apaixonado está no coração.

- Quer dizer que sentimos uma dor no coração?

- Que dá febre?

- E que nos tira as forças?

- Ficamos doentes?

- Como é cansativo estar apaixonado! - suspirou a Salomé.'











[Rebecca Dautremer, in Apaixonados]

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